Poema - Vindas de solidão (Projeção)




Gato tem andado a idas e vindas com a solidão,
ele sempre foi mais silencioso,
quieto nos movimentos,
áspero quanto a constantes interações.

Seu pesar não é uno,
compartilhamos a falta,
enxergamos uns nos outros,
a luta com as emoções.



é natural se encontrar bem coberto em isolamento,
a morte não é quem segue contra a fluidez da existência.
nós é que trabalhamos demais para encobrir seus traços de vida.
Por isso entendo que seja bem pensado, se agasalhar em solidões.

Vejo em Gato demonstrações claras de sua tristeza,
ele mesmo procurou por proximidade
em um esforço estranho para fazer seus atos soarem rotineiros.
Mas nos conhecemos há muito, aprendemos a desviar o olhar, e não julgar certas ações.

O enxergo como em um espelho,
fico ciente do que é desperto e convocado a existir,
entre o que pode ser bom  ou mal não há real distinção.
casas que não barram entradas, são assim os corações.

Somos uma família,
fizemos um acordo íntimo sobre prover, cuidar e proteger;
acreditamos  e nos apegamos a uma versão de "permanecer".
Existimos juntos e em separado, existimos e deixamos de existir.

Gato tem andado triste,
seu companheiro morreu,
Temos todos carregado tristezas
não ousamos nomear nossas perdas.


- Bruno Trajano



Comentários